
CRÍTICA: NOVA GERAÇÃO CHRISTIANE F. - “Engel e Joie”O título se encontra entre aspas, pois não se refere ao título do filme nas locadoras e no Brasil, assim como já ocorreu com outros filmes, os responsáveis pelo lançamento deste, optaram por mudar o título original de forma, no meu ver, nociva à produção em questão.No caso, o título do DVD lançado por aqui e que acaba de chegar nas locadoras é “Nova Geração Christiane F.”, e seguinte, não há qualquer relação com o clássico do início dos anos 80, baseado em um livro-reportagem, onde relatava uma história real sobre Christiane e a sua geração em Berlim no começo daquela década, o título original é “Engel e Joie” e o roteirista é Kai Herman, o mesmo de “Christiane F. 13 anos, drogada e prostituída”, entendeu agora a jogada?Bom, depois dessa explicação chata sobre jogadas publicitárias vamos ao filme. A cidade é Berlim, época atual, o roteirista volta a abordar jovens de Berlim e o movimento urbano alternativo da capital alemã. Engel, personagem principal do filme, é punk e vive pra cima e pra baixo com o seu bando, assim como a maioria deles, é viciado, não tem casa e se declara anarquista.Joie é uma jovem com uma mãe problemática, resolve fugir de casa e ir morar nas ruas com o seu cachorro, numa tarde o cão foge, ela vai atrás, o animal acaba indo parar no grupo de Engel, ela vai até lá e recupera o cachorro, o garoto se interessa de cara por ela, vai saber o que se passa com a garota que, aparentemente está mau.A partir daí iniciam uma relação amorosa e conturbada, repleta de brigas, problemas familiares, drogas e suas conseqüências, amizade e uma vida inteira pela frente, este é o grande mérito do filme e do roteiro, consegue mostrar de forma sutil, sem ser piegas, que o casal, mesmo com todas as dificuldades, sonha, ambos têm objetivos para as suas vidas, sonham em partir da cidade, montar uma comunidade anarquista, porém, muitas vezes a vida em metrópoles acaba por ser abstraída de todos os sonhos.Tal realidade é comum a qualquer jovem metropolitano, rodeado e indagado diariamente por um capitalismo selvagem, arrumar trabalho, ganhar dinheiro, cerceado por inúmeros caminhos, drogas, sexo e variadas opções para se. É uma reflexão válida a cerca do tédio e da frustração, tão comum ao jovem urbano.